👁️ De todas as tendências que o cinema já passou, me recordo com desgosto especial da do terror na década de 2000. A fim de fazer franquias a partir de obras modestas, vários autores encerravam os capítulos iniciais – filmes até então cativantes – com ganchos ridículos que desperdiçavam a tensão, o engajamento e, bem… nosso tempo.
Para cada Atividade Paranormal que vingava com mais continuações pífias, havia um Abismo do Medo (2005), ou este Olhos Famintos (2001).
🚛 O terror dos irmãos Jenner é mais do que palpável, mesmo sendo um pastiche socado entre Encurralado (1971) e a œuvre de John Carpenter. A tensão de ver o caminhão da criatura e concatenar os presságios de maldição que se interpõem no caminho é angustiante.
✍️ Infelizmente, o roteiro deficitário sempre mostra as caras. Seja pelos clichês da condução, seja pelo final. Ao contrário de O Massacre da Serra Elétrica (1974), que também tinha um desenvolvimento de personagens propositalmente raso, aqui não há catarse, visto o desfecho dos irmãos. Também não há um senso de ironia que dê sentido à tragédia de um deles, além de algumas rimas empobrecidas pela falta de nuance na construção.
❄️ Mas o terror, o frio na espinha – tão difícil de construir – está lá. Mesmo com tantos problemas, eu reveria, ambivalente, se o acaso me impusesse. É como comer um churrasco de fígado bem assado: saio alimentado, mas… ainda é fígado.